Espinho

Te olhos nos olhos todas as manhãs.

 E antes de sair, sinto já a sua falta - como um espinho preso à minha carne - essa falta jamais será preenchida - a dor do espinho sempre estará comigo.

                                                                               (Imagem retirada da internet)

              Procuro observar seus movimentos, decorar todas as suas expressões antes de partir. Tenho muitas palavras girando no céu da boca, sinto o pulsar dos meus sentimentos, das mágoas implorando para partir, entretanto não me permito dizer uma palavra se quer. Prefiro apreciar em silêncio o ruir de tudo que amei demasiadamente.   Sua não percepção de meus conflitos fazem com que meu fardo seja demais pesado, preciso bem mais do que apenas força, preciso de algo que ainda não descobri.

                Respiro pausadamente, fazendo com que meu corpo seja totalmente preenchido de ar.  Aprecio cada segundo, sentindo as consequências físicas da respiração consciente, tudo isso enquanto você me prende em sua teia de palavras contraditórias. Sim, eu acreditarei novamente, até que você me prove que eu não passo de uma tola, negando-me outra vez, pondo em prova teu amor que há muito já deveria ter se solidificado.

                Vou-me, sabendo que voltarei, e ao chegar já haverei esquecido todo o ocorrido, mesmo que ainda pese em mim sua traição. Meu desejo mais latente é te confrontar, é sentir queimar em minha pele suas lágrimas mais verdadeiras, mesmo que isso soe até para mim extremamente antinatural, pois somos mais do que somente um, eu sou fruto das suas escolhas, sou uma parte não bem sucedida de você, e por consequência disso tenho apenas minhas próprias lamentações para me queimarem a pele e alma, mas sigo em frente e volto para você.